Esse tempo de pandemia do coronavírus faz a gente pensar bastante, pensar nos limites que muitos podem chegar. Por exemplo, desde março estamos trancados em casa em isolamento social, saindo só para o necessário e, mesmo assim, de máscara, álcool em gel, tomando banho quando retornamos em casa, trocando de roupa, higienizando as compras, tirando o sapato…. Certo? Bom, para quem se manteve consciente e sabe do nível de perigo que o vírus ainda causa, isso é verdade, mas para uma considerável fatia da população, o vírus sumiu – como se bastasse a gente esquecer dele e ele sumir. Sumiu também a necessidade de ter um ministro da saúde comprometido, sumiu o interesse de entender o “porquê” o pantanal vive um incêndio devastador… Sumiu tudo!
Outro dia ouvi uma frase que exemplifica bem isso que vivemos: “O coronavírus não foi exterminado, fomos nós que nos cansamos dele”. E se cansar de algo, faz esse algo deixar de existir? Se você cansa do seu emprego, mesmo assim deve trabalhar todos os dias nele, até que arranje outro para manter seu sustento. Se você cansa de pagar o aluguel, deve continuar pagando mesmo assim para não ficar sem teto. O cansaço não é justificativa para que, simplesmente, as coisas sumam da nossa vida, pelo contrário, é quando você se cansa de algo, que esse algo ou essa situação piora, e pede por mudança.
E esse texto todo, não vai trazer uma cura ou receita mágica do coronavírus, mas só vai fazer você pensar. Pensar que virar as costas para um problema não vai resolvê-lo, pensar no quanto falta empatia por aí. Essa semana mesmo li duas notícias de pessoas que bateram em comerciantes que pediram, gentilmente, para que elas usassem a máscara obrigatória nos estabelecimentos.
E a troco de que? Essas pessoas só estavam pedindo para o próprio cliente se proteger e proteger os demais. Mas o egoísmo impera, o “você sabe com quem está falando”, também, assim como disse um desembargador a um policial que o repreendeu por ele não se proteger corretamente.
Lembro que uma vez, ao atravessar a rua na faixa de pedestres, quase fui atingida por um carro gigantesco que vinha em alta velocidade, irritada, falei: “Você está vendo a faixa?”, a moça, no auge de sua arrogância, me falou: “Você sabe com quem você está falando?”, e eu respondi que estava falando com alguém que não sabia respeitar as leis de trânsito, o que a fez sair bem irritada. Mas é isso, não há maiores ou menores na sociedade, o seu dinheiro, sua posição social não faz você ser melhor, nem pior que ninguém.
Ser rico, não significa poder dar uma festa com várias pessoas no auge da pandemia e dizer que “Tá tudo bem, é o povo que pega ônibus que é perigoso”. Não, não está tudo bem e enquanto nos fecharmos para esse olhar de empatia, de saber que vidas podem ser preservadas, famílias podem não chorar a morte de um ente querido por pequenas atitudes nossas, vai ficar tudo pior ainda.
Falta empatia nas pequenas coisas
E não é um olhar só sobre o coronavírus é sobre tudo. Dias desses uma página no Instagram (@solitary.bad) fez algo muito curioso, eles pegaram um assunto que é de interesse de muitas pessoas, a separação do Winderson Nunes e da Luisa Sonsa – e envolvimento dela com outro rapaz – e colocaram como título do post “Leia aqui, Winderson Nunes se manifesta sobre sua separação”, obviamente várias pessoas foram ler e, quando chegavam no post se deparavam com uma legenda que falava sobre o estrago que está sendo feito em nosso Pantanal. Era uma maneira de chamar atenção para um assunto sério, muito mais sério do que se envolver com relações alheias e ferir alguém, num processo complicado que é um divórcio, com piadinhas que não levam a lugar nenhum.
Mas, as pessoas não se interessam. Apenas perguntam o que vão ganhar sabendo o que acontece no Pantanal, na Amazônia, que está longe delas, que diferença faz uma parte dos animais que ali vivem morrerem? Faz muita diferença e talvez nossa sociedade só esteja assim, porque os pensamentos continuam, assim, vazios e egoístas. Tomara que isso mude. E você, se importa?