Até a década de 1980, o Brasil foi um dos países que mais cresceram no mundo, fato incontestável. Contudo, com o fracassado regime militar e a inépcia dos governos democráticos, de lá para cá o crescimento foi pífio, inferior à média das nações emergentes. Em síntese, faz 40 anos que a economia da terra descoberta por Cabral não cresce satisfatoriamente.

Essas quatro décadas perdidas representam uma janela de oportunidade desperdiçada: a de ser tornar desenvolvido. De acordo com cálculos de autoria própria, com base no Maddison Database, o PIB Per Capita brasileiro aumentou 4,16% ao ano de 1940 a 1980, caso essa média fosse mantida para os anos seguintes, atualmente o país tropical teria o mesmo patamar de desenvolvimento de Coréia do Sul e Japão.

Conforme o gráfico abaixo, de laranja tem-se o Brasil real, aquele em que vivemos. Já na cor azul há o Brasil projetado, o qual cresceu em ritmo constante. O cálculo é feito a partir da divisão do PIB Per Capita Brasileiro pelo americano, assim, descobre-se quantos por cento possui-se frente aos EUA, essa é uma das metodologias utilizadas para se comparar países.

Até os anos 1980, o Brasil crescia satisfatoriamente, aproveitou-se bem a transição campo-cidade. Como o trabalho no interior era pouco produtivo, a mera inserção dos indivíduos nas cidades contribuiu fortemente para o aumento da produtividade, porém, com o enfraquecimento da urbanização e a falta de políticas públicas educacionais, o modelo estagnou.

Ao contrário do que muitos pensam, demora-se para alcançar o status de riqueza, nos exemplos mais bem-sucedidos da história (Japão e Coréia do Sul), alcançou-se em cerca de cinco décadas. Caso algum milagre aconteça, demoraremos pelo menos mais 40 anos para alcançar o número mágico de 60% a 70% do PIB per capita americano, até lá, oremos.

Rafael Altoé é mestrando em Administração pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e apaixonado por Economia.