Em tempos de direita e esquerda, as coligações municipais estão de arrancar os cabelos de deputados estaduais e federais que querem apoiar o candidato de sua preferência. Um político de direita apoiar um candidato coligado a uma legenda de esquerda é uma equação que não fecha. E isso fica muito claro em Venda Nova do Imigrante.
Para entender o presente, é preciso olhar para o futuro, para as eleições de 2022, quando será a escolha do próximo governador. Nos bastidores, a informação é de que teremos uma disputa ferrenha entre Carlos Manato (sem partido), visto como braço direito de Bolsonaro no Estado, e Evair de Melo (PP), que é vice-líder do governo na Câmara, apesar de fazer parte do centrão. Ambos querem as bênçãos do presidente – ou ao menos o indicativo de ser o homem dele no Espírito Santo. Não é à toa. Bolsonaro foi o mais votado em 64 municípios capixabas e teve 63,06% dos votos válidos. É um apoio de peso.
E o que vai acontecer daqui há dois anos interfere nas eleições de 2020. É um jogo de xadrez com muitos aliados e adversários. Agora, precisamos também voltar no tempo pra entender o imbróglio. Evair é pupilo político de Braz Delpupo, ex-prefeito de Venda Nova, e que faleceu em 2019. O legado de Braz, no município, é importante. Entre os candidatos, dois deles se aproximam mais do ex-prefeito: Dr. José Vicente, que atuou como assessor jurídico da prefeitura durante o governo de Braz, e Pimenta, correligionário de Evair e que também trabalhava ao lado do então prefeito. Seriam as escolhas óbvias.
O PSB de Casagrande, considerado de esquerda pelos eleitores, está coligado com o Republicanos de Dalton Perim. Dalton também é adversário histórico de Braz Delpupo. Há ainda o Cidadania de Paulo Minete. Uma escolha pouco provável. Para além, Rafael Monteiro (PL), que trabalha sob as bênçãos do bolsonarismo, e é alinhado com Manato. Rafael é do mesmo partido de Magno Malta, que fez forte campanha por Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Na prática, em uma cidade como Venda Nova do Imigrante, berço eleitoral de Evair de Melo, há candidatos abertamente bolsonaristas e outros ligados ao governo estadual. E há aqueles da legenda do deputado federal. Procurado, Evair disse que ainda não definiu a quem dará seu apoio e seguiu o mesmo discurso de Bolsonaro. “Estou com muitas agendas ligadas a pandemia, recuperação da economia e saúde. Também infraestrutura e transportes, comércio exterior e crédito rural! Além disso cuidando da vinda do presidente Bolsonaro ao ES. Trabalhando também na agilidade na pauta das reformas. Diretamente, vou tirar 15 dias para tratar desses temas”, esquiva-se.
Então, em duas semanas perguntaremos de novo!