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Especial

Ser mulher é ser heroína, diz motorista de ônibus de Jerônimo Monteiro

O sexo nada frágil mostra que a força da mulher vem de muito cedo e vai crescendo ao longo dos anos e se fortalecendo cada vez mais

Por Redação

4 mins de leitura

em 13 de mar de 2023, às 10h00

Foto: Arquivo pessoal

Por Alissandra Mendes

Força, coragem, lutas, conquistas e muitos desafios. Ser mulher requer vários adjetivos, todos que remetem a super-heroínas. Não é fácil dar conta das tarefas de casa, dos filhos, do trabalho, dos preconceitos, dos obstáculos impostos pela vida e estar plena e pronta para tudo o tempo todo.

Com tantos atributos, fica claro que as mulheres romperam as barreiras e conquistaram seu espaço. O sexo nada frágil mostra que a força da mulher vem de muito cedo e vai crescendo ao longo dos anos e se fortalecendo cada vez mais.

Aos 38 anos, Juliana Cattein Bucker faz história em Jerônimo Monteiro. Ela é a primeira mulher a dirigir ônibus escolar no município. Há pouco mais de um ano, ela participou do processo seletivo da Secretaria de Educação da cidade e foi aprovada. Hoje, divide o tempo entre o trabalho, as tarefas de casa e o cuidado com os três filhos.

“Tenho três filhos: um de 17 anos, outro de 11 e o caçula de dois anos e meio, que são a razão da minha vida. Além do trabalho diário no transporte escolar do município, também trabalho com serviço de Van nos finais de semana, para ter uma renda extra. Cuido sozinha dos meus filhos e tenho o apoio da minha família”, conta.

Juliana precisou superar muitos obstáculos para alcançar os objetivos, e hoje disse que é feliz fazendo o que faz. “Desde cedo sempre corri atrás dos meus objetivos. Fui casada por 15 anos, e foi um casamento turbulento. A separação foi ainda pior. Depois tive um relacionado de dois anos, que não deu certo. Trabalho praticamente o dia todo para dar conta de tudo e conseguir pagar as contas no fim do mês”, ressalta.

Em 2014, a motorista enfrentou um problema de saúde, que a deixou debilitada e até sem andar por alguns meses. Mas, nem isso foi um obstáculo para impedir Juliana de correr atrás de seus sonhos e objetivos de vida.

“Em 2014, travei a coluna e tive que passar por uma cirurgia. Antes disso, passei por um procedimento doloroso e cheguei a ficar acamada por 45 dias, e usando fraldas geriátricas. Tive hérnia de disco extrusa, uma das manifestações de desgaste mais grave de coluna, que me impedia de andar por causa da dor. Depois da cirurgia, tive que buscar a fisioterapia e quase que reaprender a andar. Hoje as pessoas me olham dirigindo e mal conseguem acreditar que passei por tudo isso”, continua.

Ser mulher é enfrentar os desafios da vida

Juliana começou a profissão por conta própria. “Quando comecei acham estranho o fato de uma mulher estar dirigindo, mas não tive grandes dificuldades. Lógico que até hoje alguns clientes ainda ficam receosos por ser uma mulher ao volante, mas depois da viagem elogiam e contam que tinham outra imaginação a respeito”, pontua.

Mesmo depois de tanto tempo dirigindo, Juliana ressalta que é feliz no que faz. “Certas coisas finjo que não vejo e não ouço, pois muitas vezes isso nos diminui. Então, ignorando e passando por cima vou superando os obstáculos. Sou feliz e realizada na minha profissão e não esperar parar tão cedo. Me faz bem estar ao volante”, garante.

A motorista conta ainda que os colegas de trabalham sempre dão apoio. “Quando fui para a Prefeitura, todos os colegas me abraçaram e me receberam muito bem. Surgiram algumas perguntas do tipo: ‘você acha que dá conta?’. Eu dou conta sim e sigo trabalhando, graças a Deus. Não sofri preconceito no trabalho”, frisa.

Motorista inspira outras mulheres

A motorista, como qualquer outra mulher em uma profissão, precisa se desdobrar para dar conta de todas as tarefas do dia. “Pego no serviço às 5h30 para a primeira rota. Levo meus dois filhos menores. Depois de terminar, eu os deixo na escola e faço as rotas que tenho a seguir. Quando termino, vou pra casa e cuido dos afazeres domésticos. É muito corrido. Tem dias que não dá tempo de fazer tudo, mas vou caminhando e vencendo um dia por vez”, explica.

Juliana é uma inspiração para outras mulheres. “Se temos vontade, temos que correr atrás. Não penso no que o outro vai falar, devemos correr atrás dos sonhos sempre. O importante é o que nós desejamos. Precisamos esquecer as críticas e correr atrás do que queremos, somos capazes de muita coisa. Não devemos ficar com medo das críticas, teremos sempre e em todo lugar, temos que correr atrás e ter sucesso no que fazemos”, argumenta.

“Ser mulher é ser heroína, é dar conta de várias coisas em um tempo curto, com muita responsabilidade. Se por acaso não dermos conta, não precisamos nos cobrar, pois é muita coisa que temos que fazer. Ser mulher é persistir e agarrar as oportunidades e sermos felizes. A melhor foram é trabalhar com o que gostamos”, completa.

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