“Ficou lá, minha saudade, nos braços de quem já me quis; ficou lá, minha saudade, naquele barracão feliz”. O cachoeirense Raul Sampaio Cocco completa, nesta terça-feira (6), 93 anos de vida e embalado pelos versos de sua canção “Minha Saudade”, continua só pensando em Cachoeiro.
Morando em Marataízes, desde 2007, o cantor e compositor do hino da “Capital Secreta”, mantém Cachoeiro sempre presente em seu cotidiano. Inclusive, na fachada de casa, uma obra produzida por ele mesmo, ilustra o Pico do Itabira.
Antenado nas notícias, José Cocco Neto, filho de Raul Sampaio, diz que Cachoeiro de Itapemirim faz parte do dia a dia do pai. “Toda hora ele comenta algum fato que aconteceu em Cachoeiro, disse que viu na internet e faz sempre algumas considerações a respeito”, conta.
Por conta da pandemia, a comemoração do aniversário será bem intimista, restrita à parte dos familiares. José Cocco Neto, filho de Raul, disse que um primo, que há muito tempo não encontra o compositor, irá ao balneário, exclusivamente para o reencontro.
“A pandemia complicou tudo, meu pai está com as duas doses da vacina tomada, mas todo cuidado é pouco. Então, vamos manter uma coisa bem pessoal, mas com muito sentimento para a data”, adianta José.
Com a saúde debilitada, Raul Sampaio praticamente não sai de casa, para evitar uma possível contaminação. Porém, neste fim de semana, José levou o pai para dar uma volta de carro pela orla da cidade.
“Nós estamos com muito cuidado, mas com a aproximação do aniversário, levei-o para dar um passeio e poder ver um pouco de coisas da cidade. Ele ficou muito satisfeito”, relembra o filho.
Raul Sampaio
Filho do construtor José Cocco e Fanny Sampaio Cocco, o violonista, cantor e compositor Raul Sampaio Cocco nasceram em Cachoeiro no ano de 1928. Irmão de Domingos, Ruth e Fanny, estudou na escola Graça Guardia, no Bernardino Monteiro e na Escola Técnica de Comércio de Cachoeiro.
Após o serviço militar, em 1949, aos 20 anos, Raul se mudou para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar na loja de instrumentos musicais Guitarra de Prata, onde permaneceu até 1952.
Por esta ocasião, ingressou como vocalista na terceira formação do próprio Trio de Ouro, ao lado de Herivelto Martins e Lourdinha Bittencourt (esposa de Nelson Gonçalves). Em 1979 o trio foi dissolvido com o falecimento da cantora. Na década de 80, Raul fez alguns shows com Herivelto Martins e Shirley Dom, uma quarta formação do Trio de Ouro.
Primeiras composições e parcerias
Como compositor, sua primeira música gravada data de 1950, Aladim, em parceria com Herivelto Martins e gravada por Isaura Garcia. Entretanto seu primeiro grande sucesso só deu-se em 1955, Guarda-chuva de pobre (Raul Sampaio e Chico Anísio), marchinha gravada pelo “Vocalistas Tropicais”.
Seus maiores intérpretes foram Três Marias, Trio de Ouro, Gilberto Milfont, Alcides Gerardi, Francisco Carlos, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Anísio Silva, Nélson Gonçalves, Miltinho, Carlos José, além de Roberto Carlos, entre tantos outros, dos quais inclui-se o próprio Raul Sampaio com dezenas de gravações.
Homenagens
Pelas composições Rio quatrocentão e Rio, eterna capital (ambas de Raul Sampaio e Benil Santos), gravadas originalmente em 1964 pela Orquestra Popular da Guanabara, recebeu o título de Cidadão do Estado da Guanabara.
Também recebeu em 1969 o título Cachoeirense Ausente, pela projeção da cidade através de sua canção Meu pequeno Cachoeiro, regravada por seu conterrâneo Roberto Carlos em 1969, tornando a cidade mais conhecida.
Dentre suas mais de 400 músicas gravadas destacam-se seus sambas, marchinhas, boleros e sambas-canção. Compôs ainda outros ritmos, tais como valsas, baiões, foxtrotes, rancheiras etc.