No último dia 28 foi celebrado na Prelazia de Lábrea, no Amazonas, o 35º aniversário do martírio da santa cachoeirense, Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho, que foi brutalmente assassinada, na mesma data, no ano de 1985, às margens do Rio Paciá.
A celebração deste ano seria um tanto especial e significativo para a comunidade, porém devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19) foi necessária uma adaptação para que a data de celebração não passasse em branco. E o resultado não poderia ter sido melhor: um vídeo com depoimentos e uma música, composta pelo artista Zé Vicente, em homenagem a serva de Deus foi produzido (assista e ouça no portal AQUINOTICIAS.COM).
A programação aconteceu de portas fechadas na Catedral de Lábrea. Um tríduo de oração foi realizado, suplicando a intercessão de Irmã Cleusa, somando-se às intercessões de cura para todos os infectados, além de orações pelo fim da pandemia.
De acordo com a Irmã Marlene, da Prelazia de Lábrea, apesar de não poder ter sido realizada a tradicional caminhada de oração, a celebração teve alcance nos ramais da BR 230, nas comunidades ribeirinhas da Curva do Puruz e as comunidades indígenas mais próximas de Lábrea, pois foi transmitida pela rádio.
“Celebrados os 35 anos do martírio de Irmã Cleusa, neste contexto de pandemia, significa pedir a sua intercessão, não só pelos doentes da pandemia, mas também pelos doentes de modo geral, em todos os lugares. A celebração foi um momento de fé, de esperança e de pedir realmente a intercessão de Irmã Cleusa, a cura. Que ela leve até o coração de Deus esse grande pedido nosso, rezando também pelo fim da pandemia”, conta a Irmã Marlene.
Atualmente, a maior expressão religiosa em homenagem a Irmã Cleusa é o tríduo de oração em preparação a celebração de sua memória, que acontece todo mês de abril, culminando com a tradicional caminhada de oração com a participação popular, saindo da Catedral Nossa Senhora de Nazaré rumo a igreja Nossa Senhora de Fátima onde é celebrada a Eucaristia.
O Bispo da Prelazia, Dom Santiago, relembrou a importância da Irmã Cleusa para a Prelazia de Lábrea, que está prestes a completar 100 anos. E que neste ano, devido a pandemia do coronavírus, foi necessário muita criatividade para realizar a homenagem à santa.
“Irmã Cleusa foi uma figura muito importante de nossa missão, por isso temos que nos manter fiel a essa tarefa que ela iniciou. Para este ano, tivemos que ser ainda mais criativos, pois as condições nos levaram a ter celebrações de portas fechadas e tudo isso nos fez ser mais fiéis. Esta é a importância pela qual não podíamos perder essa memória, não podíamos esquecer a Irmã Cleusa e o legado que nos deixou. Seu espírito continua vivo”, afirma Dom Santiago.
A igreja, através da devoção popular, mantém viva a memória de Irmã Cleusa, e ao longo dos anos, a celebração do seu martírio vem se fortalecendo em toda a Prelazia de Lábrea, que celebra com fé, simplicidade e criatividade as muitas manifestações e expressões religiosas em sua homenagem.
Quem foi Irmã Cleusa
Nascida em 1933, em Cachoeiro de Itapemirim, Cleusa ingressou na Congregação das Missionárias Agostinianas Recoletas em 1952. Por 32 anos, dedicou-se ao serviço de pessoas com hanseníase, presidiários, crianças de rua e indígenas.
Foi justamente quando, no exercício de sua missão, buscava a paz e defendia as terras indígenas, que encontrou a morte. Sendo brutalmente assassinada, às margens do Rio Paciá-Lábrea (AM), no dia 28 de abril de 1985. Seu corpo foi resgatado do meio da floresta somente no dia 4 de maio, quando foi transportado para Lábrea, onde foi sepultado com grande acompanhamento do povo.
Os exames médicos revelaram a brutalidade do crime: muitas costelas quebradas, o crânio fraturado, o braço direito parcialmente separado do corpo, fratura na coluna vertebral e pedaços de chumbo no tórax. Sua mão direita não foi encontrada.
O corpo de Irmã Cleusa foi exumado em 1991, e seus ossos se encontram na capela de Nossa Senhora de Fátima, na cidade de Lábrea. Os ossos de seu braço direito, decepado na hora do martírio, foram trazidos para a Catedral de Vitória, onde se encontram em um relicário, no local do antigo batistério.
A fase diocesana de seu processo de beatificação foi concluída em 1993.
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