Dirigir pela BR-262 no Espírito Santo é um perigoso exercício de paciência e medo. Além das curvas sem fim, a rodovia coleciona um sem número de buracos profundos, acentuados após as chuvas que castigaram a Região Serrana em novembro.
E a sinuosidade do traçado, os buracos e trechos de pista simples não perdoam: em 2019, foram ao menos 15 mortes no trecho capixaba da rodovia federal, com base numa busca feita nos arquivos do AQUINOTÍCIAS.COM. Mais de uma vida perdida a cada mês nos 196,4 km que cortam o Espírito Santo. Assustador e, infelizmente, um número maquiado e que possivelmente é maior.
As mortes mencionadas são aquelas que acontecem no local do acidente. Nem sempre os repórteres acompanham o estado de saúde das vítimas com ferimentos graves. Muitas delas podem ter morrido nos hospitais e não entraram nessa conta assustadora. Mas o número 15 já nos mostra que a 262, como tantas outras vias do país, negligenciadas há décadas pelo governo federal, é um retrato do descaso com a vida: 15 mortes são 15 famílias abaladas, destruídas. São dezenas de pessoas que olharão para 2019 e verão o ano como o pior de suas vidas. São 15 pessoas que poderiam estar comemorando a chegada de 2020 com alegria e afeto, mas estão mortas por que o dinheiro para melhorar a rodovia não chegou. É devastador.
Os meandros da 262 já são velhos desafetos de quem mora nas cidades altas e buscam acesso à Grande Vitória, ou o contrário. Concluída no final da década de 1960 – completou 50 anos em novembro de 2019 -, a estrada tem graves problemas em sua estrutura, traçado sinuoso e pista simples em grande parte do seu trajeto. Pior: há poucas chances de ultrapassagem, o que leva os motoristas mais apressados a cometerem imprudências. E o número de acidentes graves comprova a beligerância da rodovia.
Melhoria
A duplicação ou melhora do traçado se arrasta há décadas. A expectativa é de que ela seja concedida para a iniciativa privada nos próximos anos. Mas o cenário é incerto e já ocorreram outras tentativas infrutíferas de privatizar a rodovia. O dinheiro federal também chega aqui de forma pingada. Contratos rescindidos, etapas que nem sequer foram iniciadas, irregularidades. Recursos de emendas parlamentares até prometem melhorias. Mas a reforma geral, necessária, ainda não aparece no horizonte.
Abaixo, fizemos um apanhado dos acidentes mais graves noticiados até aqui. O que parecia uma busca rápida, mostrou um emaranhado de batidas, feridos, mortes e interdições. Algumas colisões resultaram em mortes violentas no local. Outras, tiveram feridos graves. Não sabemos se essas pessoas se recuperaram, quais sequelas levarão por toda a vida.
E há aqueles acidentes que apenas deixaram a via parada por longas horas, mas sem vítimas, felizmente. É o retrato mais sombrio de uma estrada que deveria estar destinada ao progresso e ao turismo.
Relembre: